A Garganta da Serpente

Carlos Rodolfo Stopa

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Aroeira

(A Rodolfo Stoppa Filho, meu pai,
cujos olhos eu nem cheguei a ver...)

Velho tronco de aroeira...
Ainda hoje, corridos os anos,
Roladas as águas,
Aí estás, fincado, firme,
Zombando do tempo!

O filho do imigrante
Tinha os olhos verdes cheios de esperança
Quando, confiante no futuro,
Cravou-te firmemente no solo
Em que ele engendrava um novo mundo!

E lá ficaste... inerme testemunha da vida!
Mudo, quanta coisa presenciaste...
Certamente, viste as lágrimas dos que partiam
Deixando, na batida da porteira em teu tronco,
A sua despedida daquele mundo simples!

As noites...
A lua cheia revelava a tua forma solitária
Onde as corujas vinham pousar,
Espreitando a escuridão!
Setembro... tinhas ainda em teu dorso a poeira
Que era lavada pelas primeiras chuvas.

As mãos que te firmaram no solo
Há muito tempo já não têm mais vida;
Levadas foram pelas asas da Eternidade!
E aqueles sonhos todos, já nada são!
Mas tu permaneces...
E as marcas do tempo que em ti não doem,
Em mim vincam sofrimentos...

Hoje, com as lágrimas rolando,
Eu venho te buscar, aroeira!
Para sempre estarás,
Cravada em minha alma!

Da coletânea "Araguaris(Narrativas Poéticas)"


(Carlos Rodolfo Stopa)


voltar última atualização: 24/03/2006
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