A Garganta da Serpente

Carlos Ferreira

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Ralo

Quantas vezes mais
isso vai ser dito
e as histórias repetidas?
Até quando tudo a minha volta
vai deixar apenas
um leve sinal de existência
ou de tão pouca resistência?

Eu quero partir.
No meio
Eu quero ser corroído.
Pelas bordas.
Eu quero ver a corrida invasiva
das hordas.
Eu quero um pedaço
de corda.

Mas não.
Eu estou no meio das sobras.
Entre peças de brinquedos velhos
de uma criança que cresceu.
Terra seca de uma planta que morreu.
Migalhas no fundo de um saco de papel.
Utensílio dispensável.
Embalagem descartável.
Composto volátil.


(Carlos Ferreira)


voltar última atualização: 08/10/2002
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