Caneta maldita
Caneta maldita, por que não punhal ?
Por que não vaso de cor desigual ?
Por que tudo analisa, desliza e permite
Que a tinta manche apenas papéis ?
Seja punhal, ó caneta maldita,
Troque esta cor por vermelho sangue,
Não manche nem marque mais papéis
Que não exprimem essência de dor.
Caneta maldita marque meu corpo,
Manche em mim a folha de pele,
Marque meu braço, meu rosto, meu peito,
Rasgue as chagas e estirpe a agonia.
Caneta maldita seja punhal
E faça de mim rascunho vivo,
Marque na pele o que brota da alma
E faça singela a canção de meu corpo.
(Carlos Savasini)
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