O corpo
O concreto é armado
Massa de cal, pedra, cimento e água
Ex-barro, tijolo, fôrma e argamassa
No asfalto
Encouraçado de aço no farol
Línguas estranhas (talvez falas comuns)
Soldados de carne passam em brim e bermudas
Curvas e carne
O farol de listras marcadas
Paralelas
Liga calçadas.
O corpo quer explodir
Ser mais que a prega da pele
Mais que a clausura da veste
Mais que a prisão do sentido
Da lei
Do castigo
Do certo
Do abrigo
Do abismo.
O corpo quer corromper
Expandir
Desfazer
Dobrar o vento
O convento
A prisão de cimento, concreto e silêncio
De prece, clausura e rebento
Quer arrebentar
Imperar o desejo
Implodir o concreto
Quer tijolo cor de sangue
Cor de lata e ferrugem
Quer não corpo
Quer desejo
Des - desejo
Quer não sopro
Quer o vento
E quer o não eu
Quer o outro.
(Carlos Savasini)
|