Da minha janela
Ah! Da minha janela
Posso ver o mundo
É ela que me protege
De tocar coisas concretas
Tenho da minha janela a visão
Dum mundo abstrato
Um mundo imaginário
Sinto vertigem quando
Meus olhos debruçam
Sobre minha janela fria
Distante, porém é meu forte.
Nada daqui me toca, me fere.
Mas posso imaginar e quase
Sentir o contato entre corpos
Ao mirar o vento que de mansinho
Faz inclinar-se o mato alto
A quase se dobrar.
O mato é forte e maleável
Não cede ao desejo do vento
Pois, sabe que ele é passageiro.
E ele tem raízes fincadas ao chão.
Ah! Dessa minha janela...
Posso sentir toda a vibração
Da vida que há lá fora
Mas igual ao mato
Minhas raízes estão
Fincadas ao chão da minha janela fria.
(Cecília Lobregat)
|