A Garganta da Serpente

Celina Portocarrero

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Rápido como o susto
do lusco-fusco salta o gato
sobre os livros
e o topázio em seus olhos
reflete o brilho
das palavras despertadas.

Lento como a dor da perda
sobre os livros
se espreguiça o gato
e o veludo em seu pelo
cobre de cinza
as frases alvoroçadas.

Desatenta pelos ares
brinca a brisa
de afagar períodos
e soprar parágrafos
que ronronam e se alegram
ao ver que a manhã chegou.

Lânguido como o torpor
sobre os livros
se enrosca o gato
e todas as vírgulas
pontos e travessões
pouco a pouco
impõem silêncio
porque nada
no dia que principia
é mais importante
do que o sono
do gato.


(Celina Portocarrero)


voltar última atualização: 26/12/2007
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