A Garganta da Serpente

Celso Escobar

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Bom dia, meu novo Sol

E voltou no nada
inesperadamente
bastou um olhar
bastou um sorriso
de outros dentes
para que aquela antiga agonia
gostosa sintonia de sentir
um coração bater forte acelerado
adocicado
cálido
vulcão, chamas e centelhas
pedaços de estrelas
e lava para todos lados
agora voltou
não sei se mais intenso
mais com tempo.. será? penso...
voltou
e como é bom ter voltado
revoltado
re-voltado
revolto estado
com outro cabelo
com outra boca
com outro cheiro
com outra louca
com outro beijo
com outra roupa
com outra e a mesma intensa sensação
de não conseguir dormir
de não conseguir pensar sem sorrir
de suspirar tão profundamente
(de escrever adentro de madrugada
de teclar e telas alucinadas)
de
te sorrir bestamente
de pensar sorridente
de escrever sem pensar (pensar sem crer,e crer no irreal )
de escrever desesperadamente
sem esperar
esperando o ausente voltar
fechando os olhos
saboreando os momentos na cabeça
impossível que do alto do céu eu agora desça
é intenso
tenso
penso
denso
puxa memória
todos os fatos
todos os dedos e dardos
cavalgando em minha Tróia
procurando espionar cada passo
sem ritmo sem febre
compasso traço
fumos maços sem nem viciar
saber e se entregar
pular e não esperar que o solo chegue
olhar para o que lê
e ver
não chega nem aos pés
fiéis
do que salta aos olhos
do que muda o gosto
do que brilha o fosco
enciumado
é sim amado ?
ah deixa pra lá
já dizia do bom Drummond
que amor é fiel em si mesmo
será mesmo?
acredito que sim
e penso que não
hahaha
coisa é boa é estar assim tão..
tão...
suspirante
lancinante
que até agora
é minha definição
mais real mais doente
mais fascinante
mais presente
do que a paixão faz
desde a voz
do algoz
atroz
a noite veloz
o coração veloz
o beijo veloz
grito sem voz
a sós
sós
sóis
sol.

Bom dia, meu novo sol


(Celso Escobar)


voltar última atualização: 18/04/2006
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