VOU REZAR UM ROSÁRIO
Vou rezar um rosário,
Construir um oratório,
Para quem sabe um dia
Eu seja só alegria.
E amarei as calçadas com gramas
Frescas, simplórias damas;
Lindas rosas de pétalas coloridas,
Suaves camélias, alvas margaridas!
Longinquamente lembrarei, esparso,
O conluio dos sentidos e metatarsos,
A guiar-me aos botecos enfeitiçados,
Repletos de Exus e outros desencarnados,
Quando ao meu amargo féretro nauseante
Voltava com a luz, inóspito e claudicante,
Vampiro sem presa, de sangue faminto:
Minotauro bizarro, meio homem/nematelminto.
Sombras que me cobriam de afago,
Amadas fiéis do noctívago;
Com mãos geladas, raquíticas,
Tal a morte em sua hora fatídica.
Serei enfim liberto do purgatório,
Filho pródigo, deixando o limbo persecutório:
Uma vida eivada de vícios
Desenganada em virtude falsos auspícios!
(Cesar Alfredo Sander)
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