A Garganta da Serpente

Cesar Alfredo Sander

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

VOU REZAR UM ROSÁRIO

Vou rezar um rosário,
Construir um oratório,
Para quem sabe um dia
Eu seja só alegria.

E amarei as calçadas com gramas
Frescas, simplórias damas;
Lindas rosas de pétalas coloridas,
Suaves camélias, alvas margaridas!

Longinquamente lembrarei, esparso,
O conluio dos sentidos e metatarsos,
A guiar-me aos botecos enfeitiçados,
Repletos de Exus e outros desencarnados,

Quando ao meu amargo féretro nauseante
Voltava com a luz, inóspito e claudicante,
Vampiro sem presa, de sangue faminto:
Minotauro bizarro, meio homem/nematelminto.

Sombras que me cobriam de afago,
Amadas fiéis do noctívago;
Com mãos geladas, raquíticas,
Tal a morte em sua hora fatídica.

Serei enfim liberto do purgatório,
Filho pródigo, deixando o limbo persecutório:
Uma vida eivada de vícios
Desenganada em virtude falsos auspícios!


(Cesar Alfredo Sander)


voltar última atualização: 05/03/2007
3976 visitas desde 05/03/2007

Poemas deste autor:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente