Carta Aberta
I
Tento a tua morte a todo instante
A toda fração de tempo
Mas você não morre pelas armas que empulho
Meu fuzil de isopor
Meu chicote de algodão doce
Até te enviei uma carta
Sem timbre sem números sem uma palavra siguer
Gesticulei frente ao telefone mudo
Sussurrei inumeráveis dissílabas fortes
Talvez por azar ou pura magia da beleza
Você não morre - "Me dê notícias de você!".
Agora que a língua floresce
Toco as coisas e tudo rima e tudo voa
Neste poema torpe
II
Sabiamente
Lagarta-de-fogo evita
Tomar neblina
III
Minha avó era uma velha grande e alva
De costumes refinados na arte de tocar a família
Meu avô foi brilhante como os Mestres do Jazz Americano
Com sua Clarineta-de-Ouro animava o cinema mudo no Teatro 4 de Setembro
Nas pesadas tardes dominicais teresinenses
Nasci mestiço com vocação para adivinhar a chuva-fina
E guardar rios
IV
Tento a tua morte a todo instante
A toda fração de tempo
Mas você não morre pelas armas que empulho
Meu fuzil de isopor
Meu chicote de algodão doce
Até te enviei uma carta
Sem timbre sem números sem uma palavra siguer
Gesticulei frente ao telefone mudo
Sussurrei inumeráveis dissílabas fortes
Talvez por azar ou pura magia da beleza
Você não morre - "Me dê notícias de você!".
Agora que a língua floresce
Toco as coisas e tudo rima e tudo voa
Neste poema torpe
V
A poesia é mesmo delírio de poucos
Tresloucada sorrir a velha louca
Na criança que pensa ser
Vestida no nariz de palhaço
(Cinen de Sousa)
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