Artesão do Tempo Inverso
I
Pessoa não teve medo de amar
E por muito menos
Inventou a palavra "desassossego"
II
Aprendi com o Manoel a decifrar rachaduras no horizonte
Descobri o nome das serpentes pelas pegadas nas folhas secas
Que besta é quem por si só procura entender o amor e seus emblemas
Que sofre de dor e sem cura pode até padecer
E quem mais se aproxima custa caro entender que
Não é nada senão mais que um ri e vir de ondas de um mar
bravio
III
Do alto de sua disciplina
A formiga desafia
A força da gravidade
IV
Minha cidade também passa um rio
Há bem da verdade na minha cidade passam dois rios
Que depois se encontram no final da rua
E juntos seguem vitimados do mar atlântico
V
A felicidade mora ao lado
Sem endereço pra postagem
(Cinen de Sousa)
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