A Garganta da Serpente

Cíntia Rosângela

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Eu sou o amanhecer sem sol
a ave que nunca aprendeu a voar
a carne pútrida, que nem o verme quis habitar
Eu sou a cadeira que sobrou vazia na platéia lotada
Não sou eu mesma, nem outra, não sou nada.
Os sorrisos se foram aos pares,
em revoada de par em par
E, eu só brindo em companhia da solidão.
São noites eternas, sem histórias, gargalhadas
são cadeiras vazias, não há brindes efusivos
novidades, confissões, não há mais nada
Sem esperas, nem demoras, nem chegadas.
Há vazio, mais bebida na garrafa, mais espaço no cinzeiro
Os meus jasmins secaram na janela
Não há mais lágrimas, não há nada.
Nesse mundo que não é ímpar
Sou o nevoeiro sem destino na madrugada.
E sozinha ando por aí, feito alma penada.


(Cíntia Rosângela)


voltar última atualização: 25/09/2006
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