Como tatuagem
Um dia, estiquei o braço e toquei uma estrela.
A lua, com inveja, rogou-me uma maldição:
de jamais conseguir tocar um só coração que seja.
Corro em desatino, desespero alucinado
E como um lobo solitário, tento em vão
tocar, de leve, quem sabe ao menos tua mão?
Sou hoje o que sobrou da madrugada
Nem sereno, névoa, nada.
Esforços são inúteis e minhas tentativas decepção.
Não tenhas pena de mim, ou compaixão.
Sou bala perdida, estilhaços, projétil atravessando a estrada.
Pois, se não posso tocar, então, ei de atravessar...
E ficarei em ti, na tua pele eternamente...
... como tatuagem.
(Cíntia Rosângela)
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