SEMPRE QUE EU TE PRESSINTO
"... aprendeste a limpidez da água. O terreiro
dou-to;
podes amar o dia, acorrer ao perfume
das flores, cobrir-te de panos quentes..."
in: As Fontes : José António Gonçalves
há uma casa
por ela escorre a limpidez das águas.
as margens são asas de algodão
um vôo de pássaro
um mar que toda concha traz guardado
dá-me a folha verde a tábua de esmeraldas
do livro que trazes na alma
que é para eu beber da limpidez das águas
e das canções que elas fazem
enquanto o vento da poesia respira pérolas
nas suas superfícies iluminadas
os lábios do sol suspiram nas janelas da casa
chovem como pingos que banhassem
mil beija-flores pairando no adocicado das tardes
e eu me rio porque é este o meu melhor vestido
o que melhor combina com o perfume das minhas flores
que imaginas
há uma casa
é mais que fonte ela é um rio
tem telhado de estrelas límpidas
por ela eu me ressuscito
todo dia
ou sempre que eu te pressinto
(15.02.05)
(Cissa de Oliveira)
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