A Garganta da Serpente

Clarice Gullar

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

Sharp

(Para Mário Quintana)

No quarto do poeta havia uma Sharp
Igual a que tive por muito tempo,
a primeira em cores,
existência preta e branca
diante daquela Sharp o poeta criou
sonhos, sorrisos e palpitações.
Eu, nada inventei,
diante da minha
o cotidiano tomou conta de tudo
tingindo, pouco a pouco, paredes e
passos de cinza.
Absoluto silêncio
compartilhado a dois.
Quando tomei minha vida
e a arranquei da sala, do quarto e da cozinha,
escancarei a porta e
o vento era gelado;
chovia em São Paulo,
de maneira inequívoca.


(Clarice Gullar)


voltar última atualização: 15/02/2008
3595 visitas desde 15/02/2008

Poemas desta autora:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente