DOR
Uma onda dilatada
Que bate de encontro ao peito
Arrebatando a vontade
Mesmo nadando contra a correnteza
Sinto os músculos retesados
Alheios a qualquer contato
Pois ela invade até o pensamento
Antes, invade a vida
Isso é a dor
Flagelo estacionado na existência
Agonia sem fala
Que asfixia
Debato
Sem resposta
Fico rochedo mudo
Esperando a próxima onda
É inútil ignorar
Ora se acalma
Ora vem como torpedo
Para dilacerar a carne
Às vezes a alma
Após: silêncio
Faz-se uma pausa
Até a próxima punhalada
E assim vai até que eu
Me transforme em pedaço
Ou fragmento oscilante
Entre o ir e vir
(Cláudia Carvalho)
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