Princesa de balcão
Como se o doce dos teus olhos
Apimentasse a loucura do meu olhar
E essa meiguice matreira
De jogadora interesseira
Desviasse o meu interesse
Sem que o parecesse
Princesa de balcão
Era tipo de mulher
Que pensava não existir
E mesmo se não der
Com persistência ou não
A ousadia eu hei-de sentir
Tens nos olhos uma colmeia
Que escorre mel venenoso
E de tão saboroso
Pode viciar numa gula demolidora
A quem por ti devaneia
Como abelha voadora
Hei-de me alimentar desse doce
Pintado com detalhes de rímel
Com reflexos de brilho da lua
Emoldurado em tom irresistível
Num desenho perfeito, que fosse
Retrato nu de uma pintura tua
E pegava num corrector
E apagava essas feições do pecado
Que me pintam o rosto de rubor
E me lembram uma excitação
Escondida num retrato pintado
Duma princesa de balcão
(Cláudio Domingos)
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