A Garganta da Serpente

Cláudio Domingos

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Princesa de balcão

Como se o doce dos teus olhos
Apimentasse a loucura do meu olhar
E essa meiguice matreira
De jogadora interesseira
Desviasse o meu interesse
Sem que o parecesse

Princesa de balcão
Era tipo de mulher
Que pensava não existir
E mesmo se não der
Com persistência ou não
A ousadia eu hei-de sentir

Tens nos olhos uma colmeia
Que escorre mel venenoso
E de tão saboroso
Pode viciar numa gula demolidora
A quem por ti devaneia
Como abelha voadora

Hei-de me alimentar desse doce
Pintado com detalhes de rímel
Com reflexos de brilho da lua
Emoldurado em tom irresistível
Num desenho perfeito, que fosse
Retrato nu de uma pintura tua

E pegava num corrector
E apagava essas feições do pecado
Que me pintam o rosto de rubor
E me lembram uma excitação
Escondida num retrato pintado
Duma princesa de balcão


(Cláudio Domingos)


voltar última atualização: 29/04/2008
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