SUJEITO APAIXONADO EM DEPENDÊNCIA
escravo da amada
uma futilidade sem fundamento
de encontro a uma mecânica vida de vassalo
escravo da amada
pusilânime retorno às origens
uma necessidade imperativa e derrisória
escravo completo
irrita a mim perder meu tempo
e não retornar ao local da tortura
permitir que eu dependa
expandir os espaços dessa dependência
lutar por ela
tornar-me fraco e ridículo
uma ânsia para me tornar humilde
um signo forte
que se afirma quanto força
quanto maior a futilidade e o ridículo
é amar
a amada é minha Asgard
o Walhalla incomparável
onde solicito minha inclusão como escravo
dessa forma sou sujeito três vezes
de quem amo
de quem dependo
de quem ela depende
sou a fatalidade do sujeito inconcluso
que espera e medita enquanto perde sua hora
embora mantenha minha área de dependência
e me vendo completamente dependente
me vejo no direito histórico
de repente
de reivindicar minhas democrática férias conjugais
(Coelho de Moraes)
|