A Garganta da Serpente

Coelho de Moraes

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PRESSÃO NA PALMA DA MÃO

A palavra aparece diretamente
Nem há o que temer
Contatos
Um discurso interior
Um interior suscitado
O contacto furtivo
Corpo furtivo suscitado

Sem querer, o contato
O dedo dos pés sob a mesa
A pressão desse contato
E o tremor
Abstrai-se o sentido
O gozo na ponta do dedo
Os pés furtivos descalços
E a lembrança de seu aroma

Roçar os pés
Mostrar-se perverso e apaixonado
De coisa alguma cria-se um sentido
E o sentido o faz arrepiar
É uma resposta
E Fetiches não trazem respostas
O braseiro do sentido
A pele que quer responder?

Pressão das mãos
Pressão da perna contra as pernas
Pressão sobre os pés despidos
Joelho que não se afasta
Ela deixou que eu palmasse suas mãos
Vem um pouco para cá e repousa
Recosta a cabeça enquanto tomo tua mão
Signos sutis e clandestinos

O queixo da amada envolto em linho
O beijo ardente regado à saliva generosa
O sentido resplandecente
O sentido que eletriza a mão e os pés
Rasga o corpo opaco onipresente
Que responda ou se retire
Pois no terreno do amor
Não há nada além de uma atividade
Tumultos da fala
Pressão de lábios amornados
Sugestão de pés lânguidos
e coxas entreabertas
tocar os lábios saborosos na ocasião furtiva


(Coelho de Moraes)


voltar última atualização: 29/11/2007
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