A Garganta da Serpente

Conceição Pazzola

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

NOITE FRIA

Sozinha na porta de casa
Com meu vestido de chita
E cheiro de terra molhada
Olho a fogueira apagada

Arrumada por meu pai
No raiar da madrugada

Tenho a criança no olhar
E duas tranças de fita
Sinto cheiro de comida
Na cozinha de mamãe

Onde menino não entra
Só na hora da partilha

Distantes cantigas juninas
São as vozes da bandeira
Vieram de muito longe

No ranger do carro de boi
Trouxe toda quadrilha
Para a noite animar

No terreiro enfeitado
Voam fogos de artifício
Pelo céu todo estrelado
Já é festa de São João

Canta homem e mulher
Na hora do arrasta pé
Toca xote, forró e baião

Estrelinha e foguetão
Nas brasas da fogueira
Assusta menino chorão
Aquece a noite inteira

No meio da festa animada
Vem a grande chuvarada
Esmorece a brincadeira

Emudece o sanfoneiro
Foge o povo do terreiro
Sobram brasas apagadas
Sonhos alegres desfeitos.


(Conceição Pazzola)


voltar última atualização: 27/08/2010
13487 visitas desde 15/12/2005

Poemas desta autora:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente