A Garganta da Serpente

Constança Lucas

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

Esperança

Comecei dezenas de vezes
não que não soubesse contar,
as palavras nos caminhos
de ouvidos e olhos dispersos,
voltadas para o rio,
treinei o esquecimento
nas sílabas sem resposta,
apaguei os jornais por dias
fiquei sonâmbula por meses
sem saber quantas almas
em mim viviam, sem calma
nas minhas paisagens
as que mais sonhei ou desejei
inventadas por anos
sem saber o que sentir
vou lendo as cartas dos mistérios,
nunca nada tem sentido,
crio-os por dentro e solto-os
os sonhos, existem na vida
a correr dentro de mim
como as águas procuram o mar
no desenho de quem respira
no vento adormecido
que nos leva no sono,
nem sempre somos iguais
ao nosso canto, por isso
comecei dezenas de vezes
a adormecer no colo
da esperança

(agosto de 2007)


(Constança Lucas)


voltar última atualização: 08/11/2007
13317 visitas desde 01/07/2005

Poemas desta autora:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente