A Garganta da Serpente

Cosmoson

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Negócio infernal

Foi numa noite bem escura
De pobreza e solidão
Vendi minha alma ao demônio
Que me pagou a prestação

Cobrando juros especulados
Agiotando o tal negócio
Fui explorando os tais mercados
Enriquecendo, sem nenhum sócio.

Vendi o fusca, comprei Corolla,
Troquei cortiço por cobertura
Ganhei ações da Coca-Cola
Comprei
mansão com escritura

Eram milhões e milhões semanais
Provei delicias no tal fundi
Ganhei a capa de jornais
Fiz monopólio no Hawaii

Mas algo estava mal...
Que estranho... Como podia?
Um homem rico, um soberano
Sentir-se triste a todo dia.

Saí atrás do embestado
Mentor da negociação
Que curiosamente encontrei rodeado
No meio de uma eloqüente conversação

Questionei-o sobre o fato
Mas o mestre das maldições
Mandou-me ler o contrato
Uma olhadinha nas observações

E ali estava tudo explicado:
Somente será amado
Aquele que souber amar
Retirando do fundo d'alma
Sentimentos além-mar

Percebi, então,
Que sem alma não vivo não...
E que dinheiro nenhum preenche
O vazio dessa solidão.


(Cosmoson)


voltar última atualização: 16/02/2006
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