A Garganta da Serpente

Cristina Pombal

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Passagem das horas

As horas paradas,
Ajoelham-se a meus pés!
Pedem a benção do mago
E a ordem para as deixar continuar.
Olham-me com afago...
Postergo tais olhares,
Ordenei a cessação do tempo.
Horas atrás de horas são enfermidades.
Horas atrás de horas desfiguram o presente.
A terra está cansada de girar,
Solicita um repouso.
De quanto tempo não sei...
Impedi o movimento dos insurgentes ponteiros.
As horas e as suas fracções estão imóveis.
Já não oiço as almas que choram de dor,
Almas iguais à minha
Que indagavam na passagem das horas
Alimentar a existência.


(Cristina Pombal)


voltar última atualização: 08/09/2002
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