A Garganta da Serpente

Cristina Pombal

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

Fecho os olhos

Fecho os olhos
Estou sentada no meu cordel
Sublime de fragilidade,
Preso a laços de papel
Longe desta realidade.
Inicio os primeiros balanços
Com muita suavidade
E prendo as minhas mãos
À sua extremidade...
Começo a ganhar balanço.
Os cabelos soltos esvoaçam
Rasgam nuvens quando passam
Em cantos de estrelas se enlaçam!
Nestes azuis me perco,
Nestes me acho criança.
Ao meu colo senta-se um pássaro
Que já é um velho amigo...
Vem descansar as asas
E balançar comigo.
Aqui estou segura...
Quanto mais altura alcanço
Mas longe da verdade me sinto.
Paro de balançar,
O meu corpo desce aos poucos,
Deixo-me deslizar
Até ao fim do pensamento.
De repente desaparece o azul,
Esvoaça o pássaro.
O cordel é pincelado
De uma visão negra
Que se vai tornando mais clara
À medida que abro os olhos
E me vejo no final deste poema.


(Cristina Pombal)


voltar última atualização: 08/09/2002
6310 visitas desde 01/07/2005
Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente