Desprezo
Já não posso me queixar de solidão.
Agora o tempo é apenas uma noite longa e escura,
E a única companhia que resta
É a do anjo de asas negras,
Que acaricia a face com suas mãos gélidas...
Sinto falta de quando
Era tua mão
Que eu podia sentir sobre minha pele...
Por que não voltas?
Desprezar-me parece teu vício
e meu sofrimento alimenta teu ego.
Me colocaste no lugar de um verme
Que busca dignidade...
Roubaste meu orgulho.
Arrancaste meu coração
com as próprias mãos,
tendo-o ainda
porém, frio e morto
como eu.
Pisaste em minha face.
Escarraste sobre meu corpo
que jazia a teus pés.
Mas tu me amarás.
Pois por ti só alimento desprezo,
que é o que cultuas...
Dei-te meu único amor
e tu o manchaste com minha honra
e com meu sangue puro...
que se transforma no líquido
viscoso da morte e da dor,
O mesmo sangue
que te matará a sede
até o último dia de luz.
(Daiana Bresson)
|