O Fardo Pesado da Decisão
O fardo pesado
que carrego agora nos braços
está desestruturando o equilíbrio
que a duras penas eu tinha
teoricamente conquistado
mas que na prática
não conseguiu de fato,
permanecer estável.
Notavelmente, sinto tremer a fala,
revirar a alma e fugir a calma
em razão de um sufocante medo inquieto
que ao meu peito rasga.
Apenas duas escolhas eu tinha enfim;
ficar aqui e encarar cada uma friamente
ou fugir constantemente da sombra
dessa minha realidade gris.
Confesso, ainda atormentado
desconhecer até o presente instante
o quão difícil e aterrorizante
é direcionar toda a sua vida
diante de uma decisão
que julga ser a correta mesmo sem ter
nenhuma prova concreta.
E exatamente
nessas horas angustiantes
é que melhor se capta
que além da carne
- matéria putrescente -
a essência humana
- que a morte transcende -
também é fraca.
Afinal, somos pessoas
- limitadas -
E não máquinas.
Decidir não é se armar
apenas da razão
e sim fazer do senso a arma
e do instinto a munição.
(Daniella Fernandes)
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