| Velando Velasfrio de estar aquie de estar tudo fechado
 quem és tu, que te escondes no amanhã?
 o que, em ti, és tu?
 assim como eu, escondido no próprio andar
 velando as velas que sobraram no altar
 frio de ver estas paredes velhastodo este rancor flutuante te possui
 te enche de tudo que é vida e morte
 e a frieza do escurecer cai sobre nós
 ah... o estar tudo fechado tudo que está em minha volta está fechado
 bloqueado, lacrado, tampado
 trancaram-me tudo com a frieza de uma máquina
 cortaram-me as pernas antes de eu tê-las
 a vontade é cegaabre os olhos
 velemos as velas dos nossos caixões
 a vontade espera
 deitada no chão frio do banheiroa vontade espera
 com nojo e desconforto... espera
 e tudo pára
 tu esperas
 as velas, as quimeras
 lá de baixo, sinto a tua queda
 frio de querer voltar para onde nunca se esteve e nunca se esteve em nenhum lugar
 porque em nada se pôde entrar
 fecharam tudo antes que chegássemos aqui
 (eu vi)
 mas a vontade esperabêbada e cega
 morta como a morte mesma
 sufocada no próprio sufocar
 e o frio coagula sua aparência
 que desaparece em mim e em ti
 ... e a vida mora ao lado
 mas então, quem és tu, caído no chão?gemendo esta dor nenhuma
 este politeísmo sem deuses
 voz que não sai da garganta
 voz que não sai
 que nunca sai
 é inverno na lua inteirahá gelo na nossa carne
 e é gelo que nunca se torna água
 sentimos um frio de esquecimento
 a vontade quebra-see sorri do fundo do eco
 (05/03/03)  
 (Daniel P.R.) |