A Garganta da Serpente
  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

(Des)Constituição

O poeta é um suicida.
Cada palavra, gota de sangue consciente
derramada no papel do escrevente
é linda, lida e relida pela morte,
a ceifadora do desejo pelo paraíso.

O paraíso dos poetas é o inferno!
Um paraíso infernal construído com suor e tijolos,
blocos de carne putrefata e pó regada a vinagre.
Estas são as últimas palavras-tijolos do poeta.

Sua argamassa, aquela pontuação asmática,
sem ar é um sadomasoquismo que pede licença
antes de torturar sua carcaça.

A carcaça dos poetas? O papel!
O papel, corpo dos poetas é também seu húmus,
seus ossos, seus músculos, seu túmulo, seu caixão.

Neste pedaço de papel se encerra o gozo do poeta,
este submisso das letras, que sendo suicida, lhe vê negado
seu último e único direito em vida.

(Dija Darkdija)


voltar última atualização: 10/05/2017
1553 visitas desde 10/05/2017

Poemas deste autor:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente