A Garganta da Serpente

Djalma Filho

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DO ARI AO TORQUATO

do trágico que ri ao cômico que chora,
do patético que nada fala ao poético que fala de si,
eu, ele, ela e todos
somos um molho de feijão de corda
[sem precipícios, sem terremotos, sem enxurradas nem vulcões]
engasgados e capazes
de engolir lagartos, cobras e outros bichos mais;
eu, ele, ela e todos
temos que destemer o parto e saber qual berro daremos
no Ipiranga, no Tejo,
[ao reflexo das caras ou à sombras das velas]
no quartel, no forte, na concha
de Realengo, de São Marcelo, de Brasília,
na terra
onde cativos nativos
comem, com gosto, carne de cobra, de lagarto e de outros bichos mais;
eu, ele, ela e todos
estamos gagos e míopes
misturados pelos truques dos mágicos
a beijar no rosto - quase escândalo -
os friends e os hermanos
com óculos
neste imenso continente Sul-Americano:
espanholismos e ianquismos,
miséria, demagogia e analfabetismo
pelo modismo
do rosto do Che estampado em camisetas consumidas.

"Soy loco por ti Brasil!"

A Ilha não era tão Ilha,
a Terra não era tão Terra,
mas o calígrafo, nem tão xenófobo,
respeito os índios nus na primeira premissa do Pessoa:
forjam fingidores até a desconfiar de Deus.

Eu, ele, ela e todos
acreditaremos na fé do povo livre à frente do afoxé:
sumidos e assumidos verde-amarelamente brasileiríssimos.


(Djalma Filho)


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