A Garganta da Serpente

Domingos Caldas Barbosa

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A Ternura Brasileira

Não posso negar, não posso,
Não posso por mais que queira,
Que o meu coração se abrasa
De ternura Brasileira.

Uma alma singela e rude
Sempre foi mais verdadeira,
A minha por isso é própria
De ternura Brasileira.

Lembra na última idade
A paixão lá da primeira,
Tenho nos últimos dias
A ternura Brasileira.

Vejo a carrancuda morte
Ameigar sua viseira,
Por ver que ao matar-me estraga
A ternura Brasileira.

Caronte, que chega à barca,
E que me chama à carreira,
Vê que o batel vai curvando
Coa ternura Brasileira.

Mal piso sobre os Elísios,
Outra sombra companheira
Chega, pasma, e não conhece
A ternura Brasileira.

Eu vejo a infeliz, Rainha
Que morre em ampla fogueira,
Por não achar em Enéias
A ternura Brasileira.

Do mundo a última parte
Não tem frase lisonjeira,
As três que a têm não conhecem
A ternura Brasileira.

Do mundo a última parte
Foi sempre em amar primeira
Pode às três servir de exemplo
A ternura Brasileira.


(Domingos Caldas Barbosa)


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