Agora chego. Dento da chuva
branca, a noite escura. Ergo
o olhar ao céu medonho
e nada vejo. O sonho delimitou
uma rua antiga por onde ando. Venho
carregador de assombro e o mundo
terrivelmente pesa-me no ombro. Carrego
como uma formiga o mantimento
para o meu sepulcro: a efêmera
carne o ralo suco sanguíneo e o esqueleto
pequeno e frágil... Agora chego
de uma viagem inaudita. Tão decrépito
que o plágio é meu corolário. Tão único
que em pensamento vário desfaleço.
Uma grande aglomeração de vermes
é o recheio do meu cérebro. Agora vejo
riscos de chuva na luz embaciada
e na sombra dos postes UM FANTASMA...
que foi um dia a minha alma...
(Poemas que compõem o livro: Traços Invisíveis - 2003 - ainda inédito)
(Edir Augusto Dias)
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