A Garganta da Serpente
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ânforas

toco teu ventre liso
de oceanos azuis elétricos
e rosas brancas tocadas pela gravidade

em tudo busco serenidade
mas tua pele é tempestade e febre

senhora da maré cheia
tão completa de luas
como meu dedo de contar estrelas

(contudo
não posso tocá-las)

véus de terra
cobrem teus cabelos
de raízes fundas
a beber o sumo da terra


mulher de tronco vegetal
e ancas robustas de madeira ígnea
dá-me tuas ânforas de água fresca
de desatar o gelo das profundezas

eu
abandonado do deserto
a partir em busca de mim
em teus olhos de planície
em teus seios de montanha
respirando as dunas de imensidão

(contudo
sufoco)


(Edson Bueno de Camargo)


voltar última atualização: 23/05/2017
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