A Garganta da Serpente

Eduardo Martins

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MULHER

Não mulher, não!
Não é você.
É seu corpo de pecado
Que incendeia quartos,
Cama, tapete, mesa, pia.
Vocês, túmidos e rijos,
Dão dor, marcas, gozo.
Você, seu regorjeio abafado.
O engodo dos seus lábios,
Grandes, pequenos, úmidos,
Cheios de saliva,
E de seiva e de calor.
Se é imagem, lhe terei
Em monogamia pura,
Mas, se é carne, osso, sangue, suor,
Seja de dois, de dez, de cem, cem mil!
Que pecado, que blasfêmia, meu Deus!


(Eduardo Martins)


voltar última atualização: 10/07/2009
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