A Garganta da Serpente

Eduardo Pereira

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AUTO DE FÉ

I

Com os meus poemas
Um auto de fé
Com os meus poemas
Um auto de fé
Com os meus poemas
Um auto de fé
Isto não é poesia
Isto não é poesia
Isto não é poesia

Hoje estou cansado
Não, já disse
Hoje estou frustrado
Não.
Sentimentos
Fujam de mim
Por favor, não
Não não não
Eu não quero
Mais emoções
Mexe para aqui
E para acolá
O tédio é stressante
Não é ?!
E agora
Que fazer agora
Na rua estou
Sozinho ou acompanhado
Desesperado vejo os casais
E os pares de namorados
Tristes fados, tristes fados

II

Deus os fez assim
Coitados!
Deus comigo nada quer
Penso novamente
Mal tempo
Tenho para escrever
As ideias atrapalham-se
Na minha mente
E escrevo, escrevo
Euforicamente sem
Pensar que um dia
Deixarei de escrever
E notarei que isto é uma
MERDA
Porque de facto
É e eu não gosto de ninguém
Porque agora não posso
Não me deixam
QUE NERVOS
Já é tão tarde
Larguem-me que
Eu não quero ser
Como vós

III

Não pensei
Vocês também
No significados
Que isto possa
Ter
É tudo corrido
E sem sentido
Não pensem
Não leiam
Matem-me
Porque não posso mais
Não vale a pena
Não me deixem escrever
Porque eu só gozo convosco
Porque eu somente finjo
Porque eu digo ser artista
Porque eu é só mais uma palavra
Que já existia no meio de tantas outras
E nem o eu nem ninguém poderá ver
A porcaria em que isto se tornou
Amen
(matem)-me


(Eduardo Pereira)


voltar última atualização: 10/12/1999
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