O falso sofrer
Um dia esperarei passar o amor
e o pedirei o mais profundo ardor,
para ver se a vida tem algum sabor
que não seja este meu lascivo langor
Vejo que meu presente enfeite
nem é pelo menos suficiente
para trazer um mínimo de deleite
ao meu tempo indiferente
Não te tomo os resquícios , tombado coração.
És um nada de malícias trancado em um alçapão.
Culpa tem o amigo morador do peito
acamado em jazigo, meu próprio feito?
Adorno sutil de ti se fez
cantarolando com a rosa.
Hoje, esvaecida de vez
culpo-te a situação dolorosa
Afrodite! Agora sabes ser minha amada.
Espero-te nesta rua escassa,
criada da mais dura traição armada
ao coração que de mim afasta.
(Eduardo Gutierres Ruiz)
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