O velho e o mar
Escrever e nada mais
é o que sobrou de mim.
As palavras de meu cais
afundam em teu cetim.
Naus entram em auto mar
sem destino a dispor.
Aceitas como do lar
são tragadas sem langor .
Fiz-te mal, Oceano,
eis toda a verdade!
És um puro engano
que não mede maldade.
Teu profundo é vazio
e envolto cristalino.
Quem o acha sadio
nunca viu assassino?
Mas olhando-o agora
conquisto alma turva.
Mesmo não sendo hora
refletes minha curva!
Desde antes foi assim?
Já maltrataste de mim?
Mentes verdades, Cain ?
Achas que não porei fim?...
Então... o que sou enfim?...
(Eduardo Gutierres Ruiz)
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