A Garganta da Serpente

Eliana Keiko Yamamoto

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

VIDA, PRÁ QUE TE QUERO

Então...
Eis a Vida.
Ah, a Vida!

_ Vida, que vida?

Essa vida,
Sofrida, perdida, ferida,
reprimida, aflita. Fodida.
Em algum canto, esquecida.

Por vezes maldita.

Mas sempre, sempre, bendita.

Eternamente perseguida,
procurada, apregoada em versos e rimas.
Leiloada, vendida.
Tão mal compreendida.

Mas sempre, sempre, essa vida.

No coração do Criador concebida,
a nós ofertada, dada, oferecida.
Do alto planejada, agraciada,
Pois só "por Graça", foi derramada.

Vida para ser vivida.

Para ser fecunda,
para ser boa.
Para não ser rasa, mas profunda.
Para ser profícua, e não desperdiçada à toa.

Mas Senhor...
O que fizemos?

Vida pisada, humilhada, temida.
Vida maltratada, desrespeitada, fingida.
Vida ferida, reprimida.
Cheia de fúria contida.

Mas sempre, com tanta esperança, perseguida.

Vida plena, terna, serena.

Repleta de amor guardado,
Armazenado, embalado.
Durante tanto tempo acalentado.

Ansiando por ser encontrado,
descoberto, desperto, visto.
Respeitado e bem quisto.
Merecido, correspondido.

Vida para ser sentida.

Pulsante, vibrante, constante.
Levada, não importa como, sempre avante.
Seja no que for: - no amor
                         - no sofrer
                         - na dor
                         - no viver

Ah! vida tratante!
Mentirosa, fingida, impiedosa.
Maldosa, vida vaidosa.

Ah, vida tão grande, brilhante, fulgurante.

Que ofusca meus olhos.
Que penetra pelos meus poros.
Que palpita em meu coração
Que lateja em minhas veias.
Que preenche todo meu ser.

Vida expectante, arfante.

Esperando para ser derramada em profusão.
Para ser repartida, em explosão.
Para ser absorvida pela multidão.
Para ser acolhida, com emoção,
paixão, tesão, sofreguidão.

Eis então, aqui, a Vida.

Ei-lá: multi-facetada
         poli-formatada
         indivisível
         imprevisível
         indefinível

Ai, vida gemida...
Ah, vida querida...

Ah, Vida, como eu te quero!

Seja para sempre, vida bem-vinda.

(Eliana Keiko Yamamoto)


voltar última atualização: 29/07/2009
6662 visitas desde 01/07/2005

Poemas desta autora:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente