Canção
Pára um negro cavaleiro
Ao pé de antigo solar:
O seu cavalo é de crina
Cor da lua, cor do luar.
Vem de longe o cavaleiro,
Vem das guerras de Além-mar...
Com a ponta da sua adaga
Bate à porta do solar.
- Quem bate na minha porta,
A esta hora de dormir? -
"É teu esposo, Guiomar,
A porta lhe vem abrir."
- O meu esposo morreu
Lá nas guerras d'El-rei,
Tenho o punhal que o feriu,
Gravado em ouro de lei. -
Com a ponta da sua adaga
Torna de novo a ferir:
- Quem bate na minha porta,
A esta hora de dormir?
- Se fores meu D. Rodrigo,
A porta te irei abrir,
Mas se não fores Rodrigo,
Dize: que queres de mim?
"Eu sou D. Rodrigo, a porta,
A porta me vem abrir"
- Perdão, senhor! piedade!
Tem piedade de mim!
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Parte um negro cavaleiro
Para as guerras de Além-mar,
O seu cavalo é de crina
Cor de sangue, - cor de luar.
(1897)
(Emiliano Perneta)
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