A Garganta da Serpente

Eunice Mendes

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as mãos brancas e finas
de dedos longos e magros
mãos cheias de anéis
mãos que desenhavam
e faziam bordados
teciam flores de papel
e passarinhos de barbante
mãos que escreviam
pareciam de menina ainda
de unhas curtas e pequeninas
pintadas de dourado
pintadas de branco pérola
mãos que recortavam
coloriam
construíam coisas inúteis
- as mesmas mãos das flores

mãos que tanto pediam
cartas
conchas
caixas
a se tornarem
pássaros
nuvens
peixes

as mesmas mãos das flores
fazem do antigo gesto um poema:
ponte e convite

- a flor insiste em minhas mãos


(Eunice Mendes)


voltar última atualização: 03/10/2006
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