A Garganta da Serpente

Fagundes Varella

Luiz Nicolau Fagundes Varella
  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

ENOJO

Vem despontando a aurora, a noite morre,
Desperta a mata virgem seus cantores,
Medroso o vento no arraial das flores
Mil beijos furta e suspirando corre.

Estende a névoa o manto e o vale percorre,
Cruzam-se as borboletas de mil cores,
E as mansas rolas choram seus amores
Nas verdes balsas onde o orvalho escorre.

E pouco a pouco se esvaece a bruma,
Tudo se alegra à luz do céu risonho
E ao flóreo bafo que o sertão perfuma.

Porém minh’alma triste e sem um sonho
Murmura, olhando o prado, o rio, a espuma:
- Como isto é pobre, insípido, enfadonho!


(Fagundes Varella)


voltar última atualização: 23/12/2005
10163 visitas desde 25/08/2005

Poemas deste autor:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente