A DROGA
Eu não vivo
Tento sonhar
Eu não ando
Pareço levitar
Estou indo
Á lugar nenhum
Estou vindo
De lugar algum
Quero casa
Mas só tenho o chão
Quero um colo
Mas não tenho mãe
Vou seguindo
Para um lugar qualquer
Vou levando
A vida que puder
Não sou criança
Nem sei se mulher
Sem esperança
Sou um trapo qualquer
Estou sozinha
Em meio à multidão
Nessa pracinha
Sinto a solidão
O meu choro
É por essa droga
Que entranha em meu corpo
E no fundo do poço me joga.
(Fatinha Pinto)
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