TRISTE ACALANTO
Dorme a flor oculta no jardim,
dorme o amor que ainda existe.
Lírios, rosas e jasmins
descansam a dor em mim
no tempo que passou.
Dorme o sonho que ficou de vir,
dorme a voz que subsiste.
Cravos, harpas e clarins
ecoam a dor em mim
no tempo que restou.
Vidas, lidas tão sofridas,
faces comovidas
com as lágrimas
de quem chorou.
Dorme a concha que saiu do mar,
dorme a Lua branca e triste.
Cores neutras e carmins
transbordam a dor em mim,
confundem meu amor.
Certo, perto do deserto,
coração aberto
numa página
que já virou.
Dorme a pedra que caiu do céu,
dorme o Sol que não desiste.
Ouro, Jóias e marfins
reluzem a dor em mim
escondem meu valor.
Porte, corte, desentorte,
ofereça a sorte,
numa carta
que ninguém mostrou.
Dorme a nuvem que o temor levou,
dorme o sopro que resiste.
Batem asas querubins,
estrela fugaz, enfim,
na noite que chegou.
Dorme o tempo que passou
(Felipe Cerquize)
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