VOZ DA CORAGEM
A voz da ferrugem
Feria o vicio.
Usava o pomar dos prazeres
Na colheita da carne.
Surgia o cinza dos céus
Ceifando violinos
Na melodia dos sapatos.
Era ser incompleto
Eivando de brasa
O abraço do abismo.
Resistia ao temporal das feridas
Com a argúcia das ruínas.
Sentia o muro dos mares
Derrubando dores
Que são seivas de sonho.
Curtia a consecução dos medos
Flamejando as silhuetas
E as sombras em beijos;
Assolando a carpintaria dos corpos.
Assinava com sangue
Os papeis do sentir.
E assim o fogo dos frutos
Molhava o miolo
De meu coração inconcluso.
(Felipe Saratt)
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