Tomar
um rio inesperadamente grande
que passa aqui Tomar
largo e claro pelas comportas
verde e natural pela folhagem
em cima o convento vigia
secretamente sabedor dos
destinos que os homens farão
a passear partilho as quedas do Nabão
enquanto com o olhar
espreito os contornos feéricos do templo
participei algures nos rituais
e os juramentos não me são estranhos
soa-me ainda ao ouvido
o murmúrio de algum latim e grego
misturado ao ruído das águas subterrâneas
fez-se aqui o império
encruzilhada ângulo de triângulo
calma telúrica desfile de mestres
um rio inesperadamente grande
que passa aqui Tomar
(Fernando Martinho Guimarães)
|