Funchal I
Os barcos oscilam calmos no cais
a maresia desperta
sonhos excessivos dos mares do sul
as estrelas dos mastros reflectem-se no mar
e as pessoas de olhares tristes
quase-alegres
perdem-se na pirotecnia marítima
os turistas de alegrias anuais
devoram as esplanadas à espera
de atrocidades de pirataria
ou de gestos desmedidos de marinheiros
que em terra vomitam de enjoo
a noite avança e o quotidiano
exige recolher cedo
enquanto os renitentes insistem
em afogar no álcool
o
desfazer das ondas
(Fernando Martinho Guimarães)
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