DUNA DESFEITA
Sou duna que o mar formou,
Pela força da paixão.
Tantas vezes me beijou,
Que as suas marcas deixou,
No meu velho coração!
Me formei de grãos de areia,
Que recebi de presente,
Tendo a Lua por candeia,
E o canto duma sereia,
Neste mar tão exigente!
Nem sempre me dá um beijo,
O meu mar dominador.
Manda sempre um caranguejo,
Avisar que tem desejo,
De fazer comigo amor!
Como sei que sou só sua,
Ali fico de atalaia.
Sedenta, feliz e nua,
Minha paixão se insinua,
Na imensidão da praia!
E de forma intemporal,
O desejo me trespassa.
Sinto o seu sabor a sal,
E naquele vendaval,
Sou a duna mais devassa!
Outras dunas vai formar,
Este mar que me levou.
Mas foi tão bom me afogar,
Neste doce paladar,
Que na boca me deixou!!!
(12/1/2003)
(Fernando dos Santos)
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