A Garganta da Serpente

Fillipe Mauro

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Várias Auréolas

Desconheço quem não porte uma áurea
que não se comporte sobre uma boa cabeça.
Sombras divinas se exibindo às esquinas,
cada qual em seu charme,
envoltas em suas echarpes,
negando obliqüidades,
se ausentando de irrealidades.

Anda pelas ruas e,
pouco tarda, logo se vê,
a áurea egoísta que,
não se engane,
toma pouco para si
para garantir o tudo de outrem.

Caminha mais e escorregarás
na casca da áurea omissa,
jamais nada vendo para não falhar,
mas sempre olhando cada errar.

Vira o torso e esbarras
na áurea igualdade
doando os vastos minifúndios
do seu roto latifúndio.

Se te ergues os olhos,
mira a áurea superioridade.
E não te afoites se,
por pura e óbvia humildade,
não volver a ti sua face.

Esqueça-se das áureas furtivas,
das áureas descrentes.
Não procure por áureas agressivas,
muito menos pelas lascivas:
há nesse mundo apenas o trabalhador,
o amante homem de fé,
o pacificador.

Mas antes que se apeteça demasiado,
no âmago de tamanha bondade,
põe teu rosto na sola dos pés
e admira a áurea verdade,
que navega no meio fio, soberana,
rumo à boca do próximo lobo,
antes de cair no mais delicioso desgosto.


(Fillipe Mauro)


voltar última atualização: 27/09/2010
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