A Garganta da Serpente

Flaferb

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Após Um Sonho

Vim para fora.
Movo o som da velha porteira,
Que range
Como ser moribundo...
Ouço lamentações dos ventos
Anunciando sua chegada,
Ainda que tardia.
Sopram em meus ouvidos
Em acordes não humanos
Dispersos
No avesso da noite,
E a escuridão nascendo
Selando a luz e o dia.

Vejo a tempestade
Que ressuscita no oeste
E a curvatura Infinita & móvel
Acima do raio de meus olhos
Vejo a sega de crescente
Esgueirando-se hipnótica
Entre as nuvens
E entre as nuvens desaparecendo.

Sobe, veloz, uma ave
Solitária
Escapando dos galhos
Como mãos de esqueleto
Atirando-se no vácuo.

Sinto em febre meus pés
Fincados na terra molhada
Sinto a dor dos ferrões de insetos
Perfurando e alimentando-se
Com pequenas doses
De meu sangue morno.
Sinto minha carne
Sentindo a dor
Sentindo a chuva
Encharcando meus cabelos.

Sentei-me aqui, ao meu lado
Acordado, vigília
Devorando o real,
Após um sonho...

Em cada milímetro,
Em cada respiração
A visão
Do brilho tênue das estrelas
Escondido...
Agora ouço
Um outro silêncio
Silêncio que atordoa
A vastidão...
360 graus de nada e ninguém...
apenas o cheiro de alguma árvore
e de lama,
e de charcos,
o toque gélido da realidade
Após um sonho...

Deus!
O céu está gigantesco!


(Flaferb)


voltar última atualização: 13/03/2003
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