GOÉCIA
Vejo em você, o seu próprio horror
De egrégora ou das vontades inconfessáveis!!
Uma lança pontiaguda
Apontada para sua mais secreta paixão
No trajeto da seiva, que se esvai...
De tua carne pulsante e em febre.
Como despertar dessa agonia?
Desesperar diante do mistério do tempo,
Dos séculos que passaram rápido demais!
Ou da maldição em profecia ancestral,
Arrancada de seu embolorado berço?
Vejo o coito feroz das bestas e feras
Do sexo sangrento ou suave, pela relva escura do pântano,
Percorrendo um caminho hábil e diabólico
De substâncias sutis a poucos metros da cama!
Vejo o altar como negro pássaro da noite,
Onde um odor de perfume exótico
Queimado em turíbulos,
Preenche a atmosfera de espíritos com olhos mórbidos...
Eternamente malditos sejam aqueles olhos!
- Retorno do transe, no meio da noite
Absorto na escuridão
Lá estavam eles... duas pequenas luzes
Como brasas acesas,
Olhos de um passado que se acreditava, estaria morto,
a me fitar, boiando no nada!
Por que?
Estava tudo descrito nos antigos grimórios:
Goécia, filtros de amor... e de maldições,
Grandier ou as Ursulinas de Loudun...
Pactos e juramentos hediondos
Sapos rasgados entre os dentes,
Num festim teatral,
Em meio a signos sombrios
no tempo distantes...
Como despertar dessa agonia?
Se as brasas acesas continuam ali,
Em silêncio,
Como a me espreitar de um passado reencarnado,
Vivo e ofegante!
Exigindo, como sempre, oferendas repugnantes
Apenas para realizar
Suas vontades inconfessáveis!
(Flaferb)
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