A Garganta da Serpente

Flávio D' Évora

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

LAMENTO URBANO

Água que cai do céu
Que molha a minha paz
Água que atrapalha o meu amor
Na hora de chegar
Água que não tem pressa
Que escorre pelo ar
Água que São Pedro manda
Só pra me atazanar

Ah, um coração à prova d'água
É pedir demais
É sonho de pobre
Coisa pra chorar
Até o pranto secar

Água que extravia a idéia
Que me entorta os planos
Água que me batiza
De tudo que é lado
E afina no fim
Água que perde o fôlego
Água que não molha
Nem pra contar história

Ah, um coração à prova d'água
É oração pra São Nunca
É cair pra cima
Coisa pra chorar
Até o sangue esfriar

Água que não vem mais
Que deixou o meu amor chegar
Água que caiu do céu
Só pra me molhar
Água que abusou da pureza
Que ficou poluída
Água que no verbo do meu amor
Foi se enlamear


(Flávio D' Évora)


voltar última atualização: 28/06/2004
5458 visitas desde 01/07/2005
Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente