A Garganta da Serpente

Francisco Coutinho

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Parte de mim

É como se passasse em minha frente as epopéias e odes descomunais que espremem os sentidos,
A porta volátil da alma se escancara sem hesitar,
É como se parte de mim fosse o ser que pensa e outra parte o ser que chora,
Minhas pálpebras estão trêmulas e podem ser observadas pela outra parte de mim,
É como se eu pudesse enxergar as obras que não compus e pudesse cantar com a paz acriançada que me toma amplo,
Os poetas que chegam ficam perplexos com a grande não-verdade e choram ao senti-la e se fecundam de força,
Aos poetas que chegam dôo meus pesares e canto em uma canção interminável,
O belo ganha sentido pelos sentidos e emfim, explodo no berço de minha existência,
Tenciono com o anseio ambíguo dos deuses que são parte de minha carcaça e o aperto que me aperta contra o peito gera revelação e louvor aos poetas,
Amo os poetas, pois o legado deixado estimula o chiste paranóico e brincalhão do poeta que sou.

Sou um cego que tateia no vagar

Seria algo parecido com isso?


(Francisco Coutinho)


voltar última atualização: 05/11/2007
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